INSTRUMENTOS MUSICAIS

13-01-2014 16:44

INSTRUMENTOS MUSICAIS

 

Desde muito pequeno, minha mãe já se estava a aperceber o meu gosto pela música. Logo que escutasse uma viola ou uma concertina, eu corria até chegar ao local que quase sempre eram as danças que se realizavam aos domingos de tarde em locais públicos e próprios.

Sempre que minha mãe me levava com ela a uma romaria como: Santa Eufêmia da Carriça, ao S. Bento de Vairão, à Senhora da Saúde ao Monte de Fralães ou à Festa das Cruzes em Barcelos, eu via as harmónicas de boca, ( que outros chamam gaita de beiços ). Nunca pedia nada a minha mãe. Mas uma daquelas harmónicas, eu pedi algumas vezes. Um dia ela então me disse. Tu vais ter a flauta, mas tens que a ganhar. Temos muito milho para desfolhar. Eu vou dar-te cinco tostões por cada giga que tu desfolhares. Quando já tiveres o dinheiro para ela, vamos comprar a flauta.

Não tinha outra forma de a conseguir e por isso tive que desfolhar 42 gigas de espigas de espigas de milho. A flauta custou 21$00. Tinha 32 palhetas: 16 de cada lado.

Vivia perto de nossa casa um grande tocador de concertina, que para mim foi mesmo o melhor em Portugal. Chegou a ser contratado pela Ex Emissora Nacional, para lá tocar músicas de Concertina em directo. O Lino Oliveira, assim se chamava o tocador de concertina, me dizia. Então? Já tocas muitas coisas? Eu lhe dizia que não, mas sempre procurava e lá ía encontrando as notas que me parecia serem as que ouvia quando ele tocava. E assim fui andando até que quando já tinha os meus 10 anos, já tocava lindamente a flauta de beiços. Com 12 anos pedi uma concertina a minha mãe, mas nunca a consegui. Mas bem cedo comecei a trabalhar e ela me deixava guardar algum para mim. Fui juntando, mas acabei por não comprar a concertina. Também gostava de passear e por isso comprei uma mota BSA Modelo B 31 de 350  cm3. Numa romaria comprei um cavaquinho, e o aprendi a tocar.

Passeei muito e vi muitas romarias e festas por muitas terras distantes de onde eu vivia, embora estivesse 30 Km desviado da terra onde nasci. Mas com essa mota, eu tinha facilidade de estar onde quisesse. De tudo o que tentei, tudo consegui, excepto o casamento. Esse falhou logo no primeiro ano. Foi então quando ainda dei um salto maior. Já tinha muitos conhecimentos de música, mas ainda não eram o suficiente, e por isso resolvi estudar mesmo a sério o que me faltava. Só no Conservatório de Música do Porto os conseguia. Foi o que fiz. Mas logo que iniciei os estudos no Conservatório, passei por a casa SOMÚSICA na Rua Formosa e vi lá um bom acordeão. Perguntei quanto custava. Foi mesmo o proprietário da casa. Senhor Américo Nogueira que me deu o preço. Fiquei muito admirado porque o preço estava baixo. Foi um senhor que o vendeu, por precisar do dinheiro. Agradou-me e assim tive um acordeão antes da concertina.  Mas no conservatório tive que escolher outro instrumento, porque o acordeão não era leccionado no Conservatório. Comprei então um saxofone alto em Mi Bemol.

Uns anos mais tarde vim mais para o Sul, ainda na região do Douro Litoral, mas já no distrito de Aveiro onde me encontro ainda. Fui convidado a montar uma Escola de Música. Tive que me preparar bem e por isso comprei um cavaquinho muito melhor e uma boa viola para o ensino. A viola que aqui apresento tem os trastos, ou tastos, ( tem os dois nomes ), estão marcados com os nomes das notas e respectivos acidentes ascendentes e descendentes. Não os tirei para a fotografia.

Quando resolvi construir o Método da Concertina,  tive um grave problema por a não ter. Mas recorri a outros que se disponibilizaram para o efeito e tudo se resolveu.

Mais tarde e para juntar aos troféu que tenho recebido nos grandes Encontros de Tocadores de Concertina e Cantadores ao Desafio, resolvi comprar uma concertina. Mas como Tocador ela diz-me pouco, porque já sei fazer uns acompanhamentos, mas eu nunca fui tocador de concertina. Os outros que aqui apresento, toco-os todos.

Agostinho Lopes